Geral
31/03/2017 21:29

O biólogo Jackson Muller, que coordenou a elaboração do Plano Municipal de Saneamento de Gramado, elaborado pela administração anterior, enviou ao blog uma nota contestando as informações passadas pelo diretor de expansão da Corsan, Marcos Vinícius Caberlon, que anunciou nesta sexta-feira (31) investimentos de R$ 178 milhões para o município, nos próximos quatro anos.

"Recebemos com surpresa a entrevista do Sr. Caberlon sobre os investimentos que a Corsan pretende fazer em Gramado. A prática tem demostrado que as ações da companhia estão sempre no gerúndio e num  plano  futuro, por vezes tão distante no espaço e tempo. Nós acreditamos que a comunidade de Gramado merece tratamento muito superior ao fornecido nos últimos anos. Mas cabe destacar que essa conversa do diretor de expansão não tem o menor lastro de verdade", disse Jackson.


Segundo ele, "a Ação Civil Pública (ACP), movida pelo Ministério Público Estadual contra a Corsan, há dias atrás, possibilita constatar as diversas inverdades manifestadas pelo diretor de expansão da companhia, que ao que tudo indica estava num outro planeta nos últimos anos". "Como disse o promotor Max Guazzeli, no processo, a postura de soberba e indiferença da Corsan é notável também com relação ao próprio poder concedente, o Município de Gramado, que, após tentar administrativamente por meses, solicitou providências do Ministério Público e, ainda, ajuizou a Ação Cautelar nº 101/1.16.0002489-6, a qual teve deferida o pedido liminar e determinou a citação da Corsan. Tudo a fim de obter os projetos executivos, plantas a demais documentos elencados na inicial. Informações incompletas foram apresentadas. Tal conduta da Corsan atrasou e dificultou sobremaneira a produção do estudo de revisão e atualização do Plano de Saneamento de Gramado”, disse o biólogo citando as palavras do promotor no referido processo.


Jackson Muller afirmou ainda que o município de Gramado apresentou documentos demonstrando que buscou, em conjunto com o município de Canela, vultosos recursos para o esgotamento sanitário e que exigia, mediante ofício, o cumprimento das obrigações assumidas pela Corsan.


"Nesse ponto, cumpre anotar a preocupação do Município de Gramado, dirigida à Presidência da Corsan, com relação à falta de efetiva aplicação dos recursos, obtidos junto ao governo federal, para ampliação do sistema de esgotamento sanitário, salientando que os recursos estavam disponíveis há mais de um ano. Ainda, chegou a solicitar que o Ministério Público notificasse a diretoria da Companhia para que se pronuncie de forma oficial”, pontuou Jackson Muller. 


De acordo com o biólogo, em 12 de junho de 2013, em ofício dirigido à presidência da Corsan, o então prefeito de Gramado, Nestor Tissot, reclamou da falta de efetiva atuação da companhia, na coleta e tratamento do esgoto sanitário, o que causava poluição dos recursos hídricos, bem como de que não executava as obras referentes aos recursos buscados pelo município junto ao governo federal. "Ainda, alertou que a Corsan não estava adotando as providências necessárias para a realização das conexões à rede pública já existente (menos de 20% das economias ligadas) e que a Corsan não dispunha de uma equipe técnica específica para tratar do esgotamento sanitário. Por fim, assinalou que a companhia não estava cumprindo com o contrato e alertou que a a mesma devia dar a devida atenção à questão", salientou Muller.


"A falta de fiscalização e a consequente inoperância da Corsan fez com que a Companhia desprezasse até as solicitações do Ministério Público. As respostas, quando vinham, eram burocráticas e raramente seguidas de trabalhos efetivos. O resultado é ainda mais visível na demonstração financeira da Companhia, pois, no momento em que é mais cobrada, é a ocasião em que ela mais arrecada e menos investe em Gramado", completou Jackson Muller.