Geral
06/02/2018 21:36

Durante as férias escolares, cinco polos educativos da Secretaria da Educação de Gramado disponibilizaram 464 vagas para os alunos da educação infantil do município, conforme requisição dos pais. Das vagas que foram abertas, somente 47% foram preenchidas regularmente. Além disso, 22% dos alunos compareceram apenas um dia em um dos colégios.

“Sabemos que a época de fim de ano é muito intensa em Gramado, e desde outubro passado vínhamos falando com os pais das 17 escolas da rede infantil sobre as vagas nos polos, para que esses pais manifestassem sua necessidade em função do trabalho. Abrimos estas vagas conforme solicitação, porém, menos da metade foi preenchida”, salienta a secretária da Educação, Gilça Silva.

As escolas Dr. Carlos Nelz I (CAIC), no bairro Moura, Algodão Doce, no Piratini, Tia Carmelina I, na Várzea Grande, Gentil Bonato, no Prinstrop, e Presidente Vargas, na Avenida Central estiveram abertas no período de 15 a 31 de janeiro para receber estes alunos.

“Por mais que estas vagas não tenham sido preenchidas, tentamos olhar pelo lado positivo. Temos, em nosso governo, a meta de aproximarmos os pais da educação dos seus filhos. E para cada vaga não preenchida, obtivemos um maior convívio destas crianças com os seus pais, já que elas ficaram em suas casas, no seio da família”, finaliza Gilça.

A representante da educação infantil e coordenadora do Polo CAIC, a professora Daniele Birck, reitera que os alunos que ficam 365 dias na escola ficam bastante estressados, pois vivem num ambiente fechado e convivem pouco com a família. “Percebemos isso nitidamente nestes alunos que recebemos no polo. Muitas crianças agressivas ou que choravam ao deixar os pais. Já diversos alunos que passaram este tempo em casa voltaram mais participativos, comunicativos, felizes. O convívio com a família faz muito bem às crianças e merece ser incentivado”.

Atividades de recreação foram ofertadas

A responsável pelo polo Algodão Doce, Julia Hamel, relata que no período das férias escolares foram realizadas atividades de recreação com as crianças que compareceram nos polos, como brincadeiras didáticas, contação de histórias, desenhos, filmes, entre outros. Para isso, cada um dos cinco polos contou com mais profissionais para auxiliar nas atividades.

O professor de artes da Escola Municipal de Ensino Fundamental Vicente Casagrande, Jacques Dahlke, foi um destes educadores. Ele agradeceu a oportunidade de estar entre os alunos da rede infantil na Tia Carmelina I, na Várzea Grande. “Minha filha já estuda aqui e foi fantástico estar entre os pequenos. É outro público e a receptividade deles é diferente. Foi muito gratificante e vou sentir muita falta desse período”.

Há um ano em Gramado, o monitor Luis Carlos Borges ficou responsável pelo pólo Gentil Bonato, no bairro Prinstrop, e avaliou positivamente o período que as crianças tiveram para outras atividades. “O trabalho foi bem saudável, aliviando profissionais e também as crianças, que agora voltam à sua rotina pedagógica”.

Administração municipal busca aproximar as famílias

Um dos principais objetivos da administração municipal é aproximar pais dos filhos. Previsto na Lei nº 13.257, de 2016, “é direito da criança e do adolescente ser criado e educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral”.

De acordo com a secretária da Educação, Gilça Silva, os laços familiares são necessários para que a criança adquira valores e para o seu desenvolvimento. “Os pais precisam estar presentes no crescimento do seu filho, e precisam ser responsabilizados. É necessário que a criança tenha um maior tempo no convívio familiar. A educação infantil é um processo de aprendizagem, educativo, de proteção e socialização”, comenta.

A psicóloga Simone Dinnebier ressalta que nos tempos atuais, pais e mães necessitam conciliar muitas atividades e áreas de sua vida: familiar, profissional, amigos, estudos, lazer, esportes, entre outros. “As pessoas sentem o apelo de serem multitarefas, e uma das maiores dificuldades e desafios neste sentido é conciliar a maternidade e paternidade com as demandas da vida profissional”, explica.

Para facilitar e viabilizar a vida profissional dos pais, existem as creches, escolas e instituições que recebem e acolhem as crianças, de acordo com suas necessidades por faixa etária, com atividades educativas que visam estimular seu desenvolvimento. Então surge o paradoxo: a necessidade e importância da criança frequentar a escola integral ou creche versus a importância da convivência e integração maior no meio familiar.

Simone comenta que as crianças podem sentir esta separação como insegurança ou abandono, e os pais podem também sofrer por terem que deixar seus filhos aos cuidados de terceiros, eventualmente experimentando sentimento de culpa.

“Ambas as emoções e mecanismos de defesa são naturais ao processo, e precisam ser trabalhados de forma a equacionar a necessidade da exigência profissional com as demandas de atenção e afeto da criança. Esta realidade que se impõe sobre os pais precisa ser compreendida e aceita pela criança, que sai da bolha protetora do lar e dos familiares, e quanto menor a criança, maior será a tendência a sentir esta separação. Assim, sugere- se aos pais uma avaliação: seria possível uma maior convivência com seus filhos, tanto em quantidade como qualidade?”, questiona a psicóloga.

Para a psicóloga, a criança que sente-se atendida nas suas necessidades básicas e afetivas e que usufrui de uma convivência familiar positiva e estimuladora terá um melhor desenvolvimento psicossocial.

Pais relatam o tempo com os filhos

Jéssica Silva dos Santos, mãe de Isabela Santos de Moura (2 anos) e Vitória Santos de Moura (4 anos), alunas do CAIC, falou sobre o período que esteve com as filhas. “A minha filha menor estava bem chorona no final do ano e depois que ficamos de férias com ela, melhorou muito. Ela não chora mais. Achamos que era porque sentia falta de ficar conosco”.

A mãe de Guilherme Cavichion Ferreira (4 anos), Carla Cavichion Ferreira, também relatou que o período em casa melhorou a relação familiar. “Foi muito bom ficar com meu filho nas férias, ficar com ele mais tempo melhorou nossa relação. E sabemos a importância da relação dos filhos com pais. Assim como nós temos férias no trabalho, ele também tem direito de tirar férias da escola e tem muitos pais que não entendem”.

Revitalização dos espaços para melhor acolher alunos no ano letivo

No período de férias, os colégios receberam serviços de manutenção, como pintura, revitalização, dedetização e limpeza dos espaços e das caixas d’água, entre outros. As cinco escolas polos foram as primeiras a receber a manutenção e permaneceram fechadas apenas por duas semanas, pois acolheram os alunos que permaneceram na escola durante o recesso escolar.

Conforme a secretária, a iniciativa teve o propósito de deixar o ambiente mais receptivo e funcional para alunos, professores e funcionários em sua volta às aulas, pois muitas escolas não recebiam os devidos reparos há anos. O retorno da Educação Infantil ocorreu na quinta-feira, 1º de fevereiro, quando 1.269 crianças voltaram às aulas. Os serviços foram realizados pela Secretaria da Educação, em parceria com a Secretaria de Obras.