Mulheres representam 32% dos CNPJs gaúchos e reforçam protagonismo em Gramado

A cidade de Gramado recebeu, nesta quinta e sexta-feira (11 e 12), a 2ª Convenção Estadual Lojista, promovida pela Federação Varejista do Rio Grande do Sul, e que iniciou sua programação com o 3º Encontro da Mulher Empreendedora. O evento, marcado pela força de 28 núcleos de CDLs dedicados ao empreendedorismo feminino, deu protagonismo s lideranças que vêm transformando o setor varejista e impulsionando o desenvolvimento econômico a partir dos negócios liderados por mulheres.
RS como berço do movimento CDL Mulher
Atualmente, 32% dos CNPJs ativos no Rio Grande do Sul pertencem a mulheres, índice que coloca o Estado em posição de destaque nacional. Foi a partir daqui que surgiu a iniciativa do CDL Mulher, que se espalhou e hoje já está presente em 18 estados brasileiros.
Para a diretora da CDL Mulher RS, Débora Balbinotti Lunardi, que também preside a CDL Erechim, esse protagonismo tem origem na mobilização do associativismo feminino:
“Foi a partir do nosso Rio Grande que conseguimos levar a marca CDL Mulher para dentro da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas, conquistando um estatuto e um regimento que hoje dão sustentação ao movimento em todo o país. É um espaço que fortalece o associativismo, abre portas para novos associados, novos negócios e maior engajamento da comunidade empresarial.”
Rede de apoio e valorização da diversidade
O presidente da Federação Varejista do RS, Ivonei Pioner, destacou que a entidade sempre reconheceu a pujança dos negócios femininos, enxergando no movimento CDL Mulher uma corrente transformadora.
“Por meio da CDL Mulher, estamos ativando essa corrente de fomento ao empreendedorismo feminino, criando uma rede de apoio, de colaboração e de negócios, ecoando esse movimento por todo o país.”
A coordenadora nacional da CDL Mulher, Lucia Leijoto, reforçou a consolidação da força feminina dentro da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL):
“A CDL Mulher integra a visão estratégica da CNDL. Ao fomentar o empreendedorismo feminino e ampliar a presença da mulher, a CNDL reafirma seu compromisso com a inovação e a diversidade. O presente da CNDL tem rosto de mulher, e o futuro também.”
Já o presidente da CNDL, José César da Costa, lembrou a luta feminina por espaços de liderança e ressaltou o valor das lideranças inspiradoras no setor. O presidente do SPC Brasil, Roque Pelizzaro Junior, complementou:
“O mundo sempre precisou das mulheres. Hoje vivemos um novo mundo em que a tecnologia e a informação se tornaram relevantes, e nesse cenário vemos os números e a importância da mulher dentro do setor econômico e dentro do empreendedorismo.”
Instituições parceiras reforçam mensagem
O palco também foi dividido com representantes de instituições que trabalham pela promoção da diversidade. A vice-presidente da Sicredi Pioneira, Heloísa Helena Lopes, ressaltou que três características sempre acompanham as mulheres: determinação, coragem e paixão.
A coordenadora do Sebrae Delas Estadual, Susana Stroher, reforçou que o empreendedorismo feminino é “uma potência muito forte e nobre de ser trabalhada”.
Tecnologia como aliada do varejo
Abrindo a trilha de conhecimento, a especialista em inteligência artificial Victoria Luz, autora do livro Além do Hype, trouxe um alerta s empreendedoras:
“Não é mais uma escolha usar a inteligência artificial nos negócios. Quem não adotar agora será tarde demais, porque vai ter perdido muito dinheiro e possibilidades.”
Ela lembrou que, num cenário em que 80% dos consumidores modernos valorizam a experiência tanto quanto o produto ou serviço, a IA é a ferramenta capaz de oferecer personalização, engajamento, escala e tempo real — pilares do que chamou de “marketing senciente”.
Painel sobre legislação e bem-estar no trabalho
Outro momento de destaque foi o painel “NR1: um olhar integrado entre o comportamento humano e a legislação”, que reuniu Shaíze Maldonado Roth (psicóloga especialista em soft skills e liderança), Ivandro Polidoro (advogado trabalhista) e Paula de Melo Valente (advogada especialista em Direito do Trabalho).
Eles apresentaram as implicações da Portaria MTE 1.419/24, que obriga empresas de todos os setores a incluir a gestão de riscos psicossociais no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). O objetivo é integrar o bem-estar psicológico dos trabalhadores s normas de segurança e saúde no trabalho, abordando estresse, assédio moral, sobrecarga de tarefas e metas abusivas.
Case de sucesso no varejo
Inspirando o público, Bruna Vasconi, fundadora da rede Peça Rara Brechó, contou sua trajetória iniciada em 2007, em Brasília, com apenas R$ 7 mil emprestados da avó. Hoje, a rede é referência em moda circular no Brasil, com mais de 130 lojas, faturamento de R$ 250 milhões e 1,4 mil empregos diretos.
“A gente não constrói nada sozinho. Represento um grupo de pessoas que trabalham por um propósito. Nosso diferencial competitivo é a humanização: não vendemos apenas roupas, mas promovemos relações, consciência e comunidade em cada loja.”
O engajamento atraiu inclusive parceiros de peso, como a atriz Déborah Secco, que se tornou sócia da empresa.
Reflexão sobre o futuro humano
Encerrando a programação do encontro, a atriz e palestrante Danni Suzuki levou o público a uma reflexão profunda sobre o tema “O futuro é humano”, recebendo aplausos de pé.
Ela destacou cinco chaves para a construção de uma sociedade mais equilibrada: identidade, comunicação humanizada, sintonia, coletividade e servir.
“A vida nunca foi sobre você, é sobre o outro, sobre todos nós. Servir é desenvolver amor incondicional e compreender que estamos aqui para o coletivo.”
Danni também projetou a integração entre tecnologia e humanidade:
“O futuro será de colaboração entre inteligência artificial e inteligência humana. Precisamos usar a tecnologia a nosso favor, sem esquecer aquilo que nos torna únicos: a criatividade e a capacidade de inovar.