Politica
02/09/2019 22:09

O clima foi tenso na sessão da Câmara de Gramado desta segunda-feira, dia 2. Moradores da Vila Suíça compareceram com cartazes contra a aprovação da Operação Urbana Consorciada (OUC), que permitirá a construção de um hotel de luxo de 80 apartamentos e um condomínio residencial. Em contrapartida, o empreendedor irá investir R$ 2,4 milhões no Parque das Orquídeas e mais R$ 1,6 milhão na rede de esgotamento sanitário do bairro, totalizando mais de R$ 4 milhões em contrapartida.


Se os moradores tivessem apenas protestado mostrando seus cartazes, teria sido legítimo. O problema foi quando alguns exaltados começaram a gritar no plenário da Câmara, chamando os vereadores de ladrões. O presidente da Casa, vereador Rafael Ronsoni (Progressistas) precisou intervir e pedir a retirada dos manifestantes. Como se não bastasse, o vexame continuou quando, num ato de desequilíbrio, os exaltados começaram a xingar, no meio da rua, os empreendedores e seus advogados.


Isso mostra que tais moradores não defendem o Meio-Ambiente e sim o “meu ambiente”. Essas pessoas, que já possuem residência na Vila Suíça, impedem os demais proprietários de terrenos no local de construírem suas casas. Isso porque existe um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) entre o município e o Ministério Público, que impede novas edificações, até que a rede de esgoto seja feita.


Além disso, o egoísmo dos que residem no local, retira da população de toda a cidade o direito de usufruir de um parque totalmente voltado para o gramadense. Quantas vezes ouvi pessoas reclamarem que não existe um local para os moradores tomarem seu chimarrão e passear com seus filhos? Isso acabaria, se o Parque das Orquídeas for viabilizado.


Quero crer que os moradores que lutam com todas as armas, inclusive a da agressividade, contra a OUC da Vila Suíça, estão desinformados. O problema é que também não querem se informar. São contra porque não querem dividir o bairro com ninguém, como se o local fosse um loteamento privado, o que não é o caso. Eles também não apresentaram nenhuma outra sugestão para resolver o TAC e viabilizar a rede de esgoto. A Prefeitura não tem dinheiro para fazer e a Corsan não tem vontade política.


Como não existe argumento plausível, jogam com a inverdade e o desequilíbrio. O pior é que conseguiram levar alguns vereadores com eles. Vereadores que temem a pressão ou que aproveitam a situação para fazer palanque político.


Os moradores dizem que o projeto está sendo votado no atropelo, como? Se a matéria bateu recorde de tempo no Legislativo. Está sendo discutida desde dezembro nos Conselhos Municipais e desde fevereiro na Câmara. Já realizaram audiência pública, inúmeras reuniões com todos os envolvidos.


Os moradores tiveram todo esse tempo para propor alternativas e solucionar o problema, mas não apresentaram nada. Fizeram muitas emendas ao projeto, que foram aceitas, e na audiência pública haviam dito que não eram contra a operação, mas que apenas queriam melhorá-la. Além disso, se houvesse alguma irregularidade, o primeiro a questionar seria o Ministério Público.


Mas o promotor de Justiça, Max Guazelli, afirmou que o projeto já foi discutido à exaustão e precisa ser votado. Falou também que do ponto de vista ambiental será excelente para Gramado, o que derruba o discurso de que a OUC irá acabar com o Meio Ambiente.


É preciso que os vereadores parem com a enrolação e votem de uma vez o projeto, seja para aprova-lo ou rejeitá-lo. Mas assumam sua responsabilidade.


A última do dia foi a armação política feita nos bastidores, para que a vereadora suplente, Andréia Reck, pedisse vistas. Isso atrasou mais ainda a votação e o projeto ficou para ser analisado na próxima segunda, dia 9. Um pedido de vistas desnecessário, pois Andréia não estará na Câmara na semana que vem. Ela foi orientada pelo presidente da Câmara a se abster de votar, por não conhecer a matéria. Mas preferiu ceder a pressão de alguns colegas e adiar a votação.


Já o vereador Luia Barbacovi (Progressistas), que se comprometeu em votar a favor do projeto, não se manifestou na sessão. Ele pediu para sair mais cedo, pois estava passando mal.


Interessante foi o discurso do vereador Ubiratã Oliveira (Progressistas), que chegou a fazer uma emenda ao projeto e discursou como quem votará veementemente contra. Tanto que foi aplaudido pelos que estavam protestando. Para se ter uma ideia, o discurso do vereador empolgou tanto, que os que agiram de forma descontrolada gritaram que “todos ali eram ladrões, exceto o Ubiratã”. Parecia até um palanque eleitoreiro, o que é curioso, pois a maioria dos que protestavam tem ligações com o PT ou convicções esquerdistas e, dificilmente, votará no Progressista.  


O mais curioso ainda é que a OUC da Vila Suíça foi iniciada no governo anterior. É fruto do trabalho de muitas mãos, em um tripé formado pelos prefeitos Fedoca Bertolucci (PDT) e Nestor Tissot (Progressistas), além do Ministério Público (MP). É defendido pelo senador Luiz Carlos Heinze (Progressistas) e pelo governo do Estado, comandado pelo PSDB, partido de Andreia Reck.


Os que deveriam defender, são os que estão contra. Já o vereador Professor Daniel (PT) e os colegas emedebistas, Everton Michaelsen e Renan Sartori, defendem a aprovação do projeto. Diga-se de passagem, que o Professor Daniel passou por cima de qualquer ligação partidária com alguns moradores e defendeu a OUC, argumentando e provando todos os benefícios que ela irá trazer para Gramado. Agiu como um verdadeiro defensor da comunidade.


O fato é que essa novela já passou da hora de terminar e a Câmara não pode ceder a pressão de uma minoria, que demonstrou que quem não tem razão parte para o grito, para a ignorância. Lamentável!


Não poderia terminar esse texto sem destacar a condução impecável do presidente Rafael Ronsoni, que soube impor respeito e levar a sessão com pulso firme, em nome da ordem e da decência.